Leitura do Livro do Profeta Isaías.

“Eis o meu servo — eu o recebo; eis o meu eleito — nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas.

Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas proverá o julgamento para obter a verdade. Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos”.

Isto diz o Senhor Deus, que criou o céu e o estendeu, firmou a terra e tudo que dela germina, que dá a respiração aos seus habitantes e o sopro da vida ao que nela se move: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Responsório Sl 26(27),1.2.3.13-14 (R. 1a)

Responsório Sl 26(27),1.2.3.13-14 (R. 1a)

— O Senhor é minha luz e salvação.

— O Senhor é minha luz e salvação.

— O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu temerei?

— Quando avançam os malvados contra mim, querendo devorar-me, são eles, inimigos e opressores, que tropeçam e sucumbem.

— Se contra mim um exército se armar, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei.

— Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!

Evangelho (Jo 12,1-11)

Evangelho (Jo 12,1-11)

— Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

— Salve, nosso rei, somente vós tendes compaixão dos nossos erros.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2 Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3 Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.

4 Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5 “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6 Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela.

7 Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. 8 Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”.

9 Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10 Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11 porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Permita que Jesus Cristo transforme a sua vida

“Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi à Betânia, onde morava Lázaro, que Ele havia ressuscitado dos mortos. Ali, ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.” (João 12,1-3)

Segunda-feira Santa começa com um lugar muito especial: Betânia, um vilarejo onde estava a casa de Maria, Marta e Lázaro, os amigos de Jesus, um lugar especial para iniciar a sua semana definitiva. Jesus Cristo é muito estratégico — até emocionalmente falando. Dias antes da Paixão, o Filho de Deus parece demonstrar-nos a necessidade do afeto dos amigos, do bálsamo do amor mais puro, da ceia entre aqueles que se amam de verdade, na alegria e na dor, nos gritos de Hosana e nos gritos de crucifica-O.

Betânia é um pouco do amor Trindade que Jesus estava acostumado antes da sua Encarnação. É interessante notar isto: Jesus não tinha um entorno de pessoas, até porque os amigos de Jesus, esses três, não moravam perto de Jesus. Às vezes, viver cercado de pessoas não significa nada, mas Jesus os tinha dentro de si, isso é bonito! Amizade cristã é assim: carregar o outro dentro de si, mesmo estando longe fisicamente, de forma despretensiosa e de forma desinteressada. Como é bom quando encontramos uma amizade assim!

Jesus Cristo quer visitar a nossa Betânia, Ele quer nos transformar e o seu amor é transformante

Jesus potencializou esses três amigos, o amor de Jesus os transformou. Já não são mais os mesmos. Podemos notar no evangelho: Marta serve com mais serenidade, não reclama, não dá broncas em Jesus, apenas serve porque ama o Senhor. Lázaro está ressuscitado, bem vivo, vivente, sentado à mesa e participa do banquete do Cordeiro. Maria, agora audaciosa sua forma de amar, não está apenas aos pés do mestre, tímida, mas toma quase meio litro de perfume caro, derrama-o e unge os pés de Jesus, enchendo toda a casa de perfume e, depois, enxuga os pés do Senhor com seus cabelos. Uma ex-brigona, um ex-morto e uma ex-tímida.

Cristo quer visitar também a nossa Betânia, Ele quer nos transformar e o seu amor é transformante. Ele não quer que nós fiquemos com o coração de Judas, impuro, ladrão, ávido de dinheiro, crítico, maldizente e traidor. Já dizia o nosso querido e saudoso padre Léo: “Meu irmão, eu digo, vem cantar comigo, Jesus Cristo, em Betânia, a sua vida quer mudar”. Que Nosso Senhor passe em nossa vida e nos transforme!

Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

 

Padre Donizete Heleno Ferreira

Padre Donizete Heleno Ferreira é Brasileiro, nasceu no dia 26/09/1980, em Rio Pomba, MG. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2003 no modo de compromiss

Anunciação do Senhor: o verdadeiro valor de um sim

Origens

Na história da existência, constantemente somos desafiados pela vida a darmos uma resposta ativa, consciente e madura ante os apelos e desafios que a nossa própria existência nos interpela. A todo instante, somos colocados em uma posição de escolha, entre aquilo que se quer e aquilo que não se quer; entre o possuir e o nada ter; entre o ser e o não ser.

Sim e não

O sim e o não fazem parte do nosso cotidiano, sem eles dificilmente poderíamos ser propriamente humanos. Eis o que diz o Senhor: “Hoje, estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade” (Dt 30,15). Neste contexto de escolha propriamente humana, encontra-se a Virgem Mãe de Nazaré.

Eis a serva do Senhor

Maria, na plenitude de sua liberdade, escuta, mais do que a saudação de um anjo, a voz de Deus, a voz de sua própria consciência a te indagar: “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus” (Lc 1,30). Diante da proposta, Maria dá sua resposta: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Foi por causa dessa resposta que o Eterno entrou no tempo; que o Todo assume em si o fragmento, Deus assume a forma humana para nos salvar.

Solenidade da Anunciação do Senhor: o sim de uma mulher

Solenidade

A Solenidade da Anunciação do Senhor, que encontra o seu fundamento bíblico situado na narrativa evangélica do evangelista Lucas, no capítulo 1, 26-38, é a solenidade que exalta, na sua estrutura interna, o sim de uma Mulher ao projeto salvífico de Deus, mas que, de modo mais singular, quer manifestar a grandiosidade do sim definitivo de Deus para com a humanidade. A anunciação do Senhor é a solenidade que, por excelência, expressa a vontade divina de querer dar-se a conhecer o homem e salvá-lo e, ao mesmo tempo, a disponibilidade do ser humano em acolher essa autorrevelação divina.

Encarnação do Verbo

O episódio narrado no Evangelho de Lucas mostra a origem histórica do problema enfrentado pelas primeiras comunidades cristã acerca da encarnação total do Verbo eterno de Deus no seio virginal de Maria. A narrativa explicita o diálogo realizado entre Divino e o humano, entre Maria e o anjo, o mensageiro de Deus. Maria, na narrativa, é interpelada pelo anjo, acerca da vontade divina, que encontrou nela, na simples jovem de Nazaré, graça diante de Deus. Nesse episódio evangélico, contemplamos que a liberdade humana, que é fruto do amor de Deus aos homens, nunca foi violado pelo Criador; ao contrário, Ele propõe a Maria uma missão, e Maria, na sua total liberdade, se dispõe a realizá-la, mesmo não sabendo como tudo se daria.

Debates acerca da Encarnação e Divindade de Jesus

Discussão sobre Maria e Jesus

Essa bela narrativa, a pouco comentada, muito fora debatida pelos Padres da Igreja, na reta intenção de defender não somente a Virgindade e Maternidade de Maria, mas, sobretudo, a real Encarnação e Divindade de Jesus, seu filho. Em meados dos anos 325 d.C., com o Concílio de Nicéia e de Constantinopla (381), foram estabelecidos no símbolo da fé, o Credo Nicenoconstantinopolitano, a sentença dogmática de que, verdadeiramente, o Verbo eterno de Deus encarnado no seio da humanidade, por meio da concepção virginal de Maria, era realmente o Filho de Deus.

A Natureza Humana de Jesus

Em Jesus, a natureza humana e divina coabitavam mutuamente, sem confusão, mas em plena união hipostática de naturezas. O pequeno e humilde carpinteiro de Nazaré era, na verdade, o verdadeiro Filho de Deus, emanada na história humana pela ação do Espírito Santo.

Theotokos

Contudo, foi somente em 431 d.C., no Concílio de Éfeso, que a Igreja proclama solenemente Maria como Mãe de Deus (Theotokos), defendendo, dessa maneira, a real Encarnação do Filho de Deus no seio da humanidade, por meio do sim de Maria. Tal decreto resultou posteriormente a instituição da festa litúrgica da Anunciação do Senhor. Todavia, a Igreja, por volta do século VI, sob o comando do Pontífice Sérgio I, introduziu definitivamente, no calendário litúrgico da Igreja romana, a solenidade da Anunciação do Senhor, que é celebrada todos os anos no dia 25 de março, a exatos nove meses antes do Natal do Senhor.

 

Uma graça para a humanidade

De fato, no sim de Maria, o sim de Deus em favor da humanidade é plenamente realizado. Em Maria, Deus realiza o seu projeto salvífico no tempo e na história humana. Se por Eva nos veio a desgraça, por Maria nos foi novamente aberta as portas da Graça.

Momento para refletir: como anda o seu sim para os projetos de Deus?

Sentido da Solenidade

Celebrar a solenidade da Anunciação do Senhor é dar graças a Deus por todos os benefícios que, pelo sim de Maria, o Senhor nos dispensou. Celebrar a festa solene da Anunciação do Senhor é contemplar a salvação de Deus realizada no sim de uma Mulher. É contemplar o sim de Deus, por meio de uma Mulher.

O sim de Maria foi um sim que mudou o curso da história. O sim de Maria nos possibilitou conhecermos o Pai, revelado pelo Filho, no poder e na ação do Espírito Santo. Somos convidados a mudar o curso da história em razão do nosso sim a Deus, ao projeto de Deus.

Deus em meio a nós

Deus quer habitar no mundo, na realidade do mundo, na nossa família, na nossa sociedade, no nosso país. Mas para que isso posso se realizar, é preciso que também nós sejamos, assim como a pequena jovem de Nazaré, abertos e generosos a acolher a vontade de Deus em nossa vida, para que o verdadeiro valor de um sim possa transformar o curso da história.

Minha oração

“ Ó Virgem Santíssima, sempre disposta a fazer a vontade do Pai, com seu sim contribuíste para a salvação. Dai-nos a graça de fazer a nossa parte no plano salvífico também dizendo o nosso sim a Deus e ao seu chamado de amor. Amém.”

Nossa Senhora, rogai por nós!

Outros santos e beatos que a Igreja faz memória em 25 de março:

Santo Ladrão, chamado “Dimas”, segundo a tradição, que na cruz professou a fé em Cristo.

São Dula, mártir, na Turquia († data inc.)

São Quirino, mártir († data inc.)

Santa Matrona, mártir, na Grécia († data inc.)

São Mona, bispo na Itália († c. 300)

Santo Hermelando, o primeiro abade do mosteiro de  Fontenelle, na França († c. 720)

São Nicodemos, eremita, que foi mestre de vida monástica. († 990)

São Procópio, que, deixando a esposa e o filho, se consagrou à vida eremítica. († 1053)

Beato Everardo, conde de Nellenburg, que abraçou a vida monástica no cenóbio de Todos os Santos († 1078)

Beato Tomás, eremita, na Itália († 1337)

Santa Margarida Clitherow, mártir, que, com o assentimento do esposo, aderiu à fé católica, na Inglaterra († 1586)

Beato Jaime Bird, mártir, na Inglaterra († 1592)

Santa Lúcia Filippíni, fundadora do Instituto das Piedosas Mestras, destinado a promover a formação das jovens e mulheres, na Itália († 1732)

Beata Maria Rosa Flesch (Margarida Flesch), virgem, fundadora do Instituto das Irmãs Franciscanas de Santa Maria dos Anjos, na Alemanha († 1906)

Beato Plácido Riccárdi, presbítero da Ordem de São Bento († 1915)

Beata Josafata (Miquelina Hordáshevska), virgem, que, fundou o Instituto das Irmãs Servas de Maria Imaculada († 1919)

Santa Maria Alfonsina Danil Ghattas, virgem, fundadora da Congregação das Irmãs Dominicanas do Santíssimo Rosário de Jerusalém. († 1927)

Beato Emiliano Kovc, presbítero e mártir († 1944)

Beato Hilário Januszewski, presbítero da Ordem dos Irmãos Descalços de Nossa Senhora do Carmo e mártir, na Alemanha († 1945)

Fonte:

Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof Felipe Aquino [Cléofas 2007]

Martirológio Romano

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– Redação: Lucas Paulino da Silva – candidato às ordens sacras na Comunidade Canção Nova

– Oração: Rafael Vitto

– Produção: Fernando Fantini